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15/07/2022

Cidades inteligentes são feitas para (e por) pessoas!

É comum associarmos a inteligência das nossas cidades à digitalização, e não é uma concepção errada. O futuro é digital. Porém, existe uma problemática nesse processo que precisa ser discutida e revista: o acesso e a inclusão de todas as populações precisa acontecer e, muitas vezes, a digitalização desenfreada pode deixar algumas comunidades de fora.

Um estudo publicado pelo Urban Institute analisou a relação entre inclusão e economia em 274 das maiores cidades dos EUA na década passada e os resultados são unânimes: cidades que se preocupam com inclusão têm indicadores econômicos melhores do que as que não o fazem.

Mas onde queremos chegar com essa relação? Agora (e ainda mais no futuro) as decisões acerca das iniciativas de smart cities são feitas através de plataformas de dados complexas e sistemas em nuvem que facilitam as tomadas de decisões e, mais que isso, tornam essas decisões precisas de acordo com as demografias. Logo, o acesso e inclusão de populações marginalizadas e em situações de desvantagem social deveria ser prioridade desde o início para que os dados sobre esses cidadãos não fiquem de fora dos indicadores.

Um projeto que exemplifica a importância da inclusão nos processos iniciais de se pensar cidades inteligentes é o Plus Codes, uma parceria do Google, Americanas, G10 e Favela Brasil Xpress, que vai levar o CEP digital para cerca de 100 mil moradores de Paraisópolis, que não conseguem receber um produto comprado online ou mesmo chamar um serviço de emergência, porque não é possível localizar as residências.

Por que esse exemplo? Porque na cidade do futuro, os serviços estarão à disposição dos cidadãos através de tecnologia, dispositivos e aplicativos. E se existe uma população que ainda não possui nem CEP, por exemplo, como se desenvolve a entrega dos serviços a essas pessoas?

O artigo “Inclusive smart cities”, do Deloitte Insights, desenvolveu algumas perguntas para se fazer durante a jornada de implementar iniciativas inclusivas de smart cities. Separamos algumas delas:

Na fase de design:
Levamos em consideração se nossa tecnologia ou planejamento engloba todas as populações da cidade? E ainda, nos comprometemos com instituições e grupos que já tem, em sua base, um entendimento e relacionamento com comunidades que precisam de maior representatividade?

Na fase de implementação:
Nós escolhemos pontos estratégicos, no que diz respeito a diversidade, para testar a performance da iniciativa? E fomos claros com os cidadãos sobre a coleta, compartilhamento e privacidade de dados?

Na fase de reflexão:
Os dados e métricas que coletamos representam, de fato, um conjunto diverso de demografias e geografias? Nós engajamos a comunidade a fim de entender como os cidadãos se sentem sobre a iniciativa?

Com essas perguntas, fica um pouco mais claro o caminho da inclusão nas ações. E é importante se questionar durante todo o processo, até porque: será que uma cidade inteligente que não pensa em todas as pessoas é inteligente mesmo?